
Uma das principais preocupações dos especialistas para este inverno (que ainda não começou) era a eminência da covid-19 e da gripe andarem de “mãos dadas”. Contudo, a infeção respiratória que todos os anos afeta uma grande parte da população, em ano de pandemia, não está a ter praticamente nenhuma incidência.
De acordo com relatório do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA) ao qual o JN teve acesso, a incidência de casos de gripe em Portugal é praticamente nula, sendo que é tão baixa que o documento cita que a curva de casos não chegou a movimentar-se.
O documento sugere que os números tão baixos que não fizeram a taxa de incidência sair da chamada “zona basal”, ou seja, aquela em que é considerado que há ausência de atividade gripal.
Embora isto esteja a acontecer, os especialistas pedem para a população não baixar a guarda e recordam que todos os cuidados devem ser tidos, tais como o uso de máscara e a regular desinfeção das mãos – medidas de prevenção para a transmissão do SARS-CoV-2, mas que também ajudam a combater a gripe e outros vírus respiratórios.
Por esta razão, já são muitos os especialistas de saúde pública que têm pedido uma reflexão sobre o uso futuro de máscara em determinados grupos na próxima época.
O pneumologista Filipe Froes recorda ao JN que a prática já é executada em determinados países do Oriente, e em vários contextos, como é o caso do escolar, por exemplo. O especialista realça que os ganhos são múltiplos, a começar pela diminuição da transmissão do vírus na comunidade. Havendo menos influenza a circular, a pressão sobre os hospitais será menor, o que depois se poderia também refletir com um impacto positivo na pneumonia.
A redução da atividade gripal, diz Filipe Froes, já era de alguma forma esperada, tendo em conta o que aconteceu no Inverno do hemisfério sul. Além de salientar a possibilidade de um “início de atividade gripal mais à frente no tempo”, destaca outros fatores que podem explicar o baixo registo de casos de gripe e um eventual pico mais tardio, como é o caso do tempo, pois “as temperaturas mais baixas só se começaram a registar agora”.
A especialista Cátia Caneiras destaca também o efeito da vacina da gripe neste contexto. “Pelo segundo ano consecutivo temos uma vacina tetravalente, que garante maior abrangência dos serotipos em circulação. Já na época gripal 2019/20, comparativamente com a época anterior, tivemos uma intensidade mais baixa”, explica ao Público.
Este ano, a vacinação foi dividida em duas fases, a primeira que deu prioridade aos idosos em lares e aos profissionais de saúde.
AMM // ZAP
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