terça-feira, novembro 9

Castanhas transmontanas no Outono

Desta vez o nosso post não vai falar de saúde, nem de medicamentos.

Chegado o frio de Outono, lá fomos uns dias até ao nordeste de Portugal, Bragança, saborear o ar puro e frio e, como não podia deixar de ser, as castanhas.

Logo no princípio de Novembro, começam a cair as primeiras, do alto dos frondosos castanheiros transmontanos.

 Apanhar castanhas, é uma tarefa difícil para quem vai da cidade, mas as dificuldades são ultrapassadas pelo imenso prazer de usufruir de paisagens formidáveis, no alto das montanhas ou nos profundos vales que as rasgam, aspirando profundamente o ar puro e os aromas existentes no campo.

Umas luvas de latex, são indispensáveis para esta cansativa tarefa. Protegem um pouco do frio mas, mais importante, defendem as mãos dos milhões de picos dos ouriços que, aos milhares, se espalham em redor dos castanheiros. Uma cesta de vime ou um balde e um chapéu completam o apetrechamento necessário para esta tarefa.
 
Um chapéu é essencial, porque os ouriços quando caem, picam e bem, na cabeça.

Depois da apanha, todas as castanhas são acondicionadas dentro de sacos de rede, para serem transportadas para o destino.

Pelo meio, já foi comida a merenda, ali mesmo, no meio dos castanheiros, sentados numa pedra ou em cima das sacas das castanhas, usufruindo da natureza. Cansados sim, mas interiormente satisfeitos.

Depois, finalmente, vem a melhor parte. Uma lareira bem composta de galhos miudos, para produzirem uma chama alta e coloca-se por cima,  pendurado num gancho, o respectivo assador com as castanhas.

Com o lume forte, agita-se sempre sem parar o assador, para que as castanhas vão assando uniformemente. Cerca de 15 a 20 minutos depois, temos as nossas castanhas assadas e prontas a comer. 

Mas primeiro, têm de ser descascadas, pelo que ficamos com as mãos todas enfarruscadas. E é um momento formidável, muito íntimo e confortável. Uma verdadeira delícia, porque as apanhámos, amanhámos e assámos. 
Serviço completo, prazer redobrado.

Não deve, neste momento, faltar a indispensável jeropiga (uma espécie de vinho do Porto) que acompanha as castanhas assadas como nenhuma outra bebida.





Depois de comer, beber e gozar o calor aconchegante da lareira, há que separar as castanhas já prontas, para oferecer à família e aos amigos. Todos gostam, mas só os que fomos a elas, conhecemos o segredo do seu sabor.

Nos tempos que vão correndo, todas estas actividades campestres se vão perdendo e, por isso mesmo, é extremamente reconfortante participar na apanha da castanha.

Dias diferentes que não se esquecem, bem como não se esquecem as majestosas paisagens, os aromas libertados pelas plantas de rosmaninho, lavanda e elfazema, que  existem ás centenas, espalhados pelos montes fora. E, nos dedos das mãos, alguns minúsculos espinhos, que durante dois ou três dias, nos vão "lembrar" da aventureira apanha da castanha.

Aqui ficam algumas imagens da natureza agreste, mas maravilhosa das terras de Trás-os-Montes e do fogo crepitante da lareira, que assa as nossas castanhas e nos conforta de um dia pesado, diferente, mas compensador.








Por fim,  o fruto do nosso trabalho. Lindas, quentinhas e limpas, prontas a comer.












                                                                       



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